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TORCEDORAS, CALMA

Uma análise dos primeiros jogos da nova era da Seleção Brasileira

Foto: Leandro Lopes | CBF

A nova era da seleção brasileira começou de verdade. Depois de um período de treinos na Granja Comary, a equipe treinada por Arthur Elias, fez dois jogos bem equilibrados contra a seleção do Canadá e encerrou a data FIFA com uma vitória e uma derrota. Trata-se de um período curto de trabalho, que não é suficiente para mudanças drásticas, mas já foi possível notar alguns pontos importantes para analisarmos.


O primeiro é a compactação do time. Nestes dois jogos, mesmo com as câmeras de transmissão não ajudando muito, foi possível ver um time com jogadoras buscando uma maior aproximação para trocarem passes na tentativa de atrair as adversárias e avançarem se aproveitando dos espaços vazios. Quando o Canadá subia a marcação e a troca de passes funcionava, o Brasil criou suas melhores chances, porém o pouco tempo de trabalho com esta ideia fez com que a seleção errasse alguns passes na intermediária. Se no ataque a aproximação entre as jogadoras ajudou a criar mais oportunidades, sem a bola, o problema foi a demora na compactação, principalmente nos lados do campo. O Canadá se aproveitou nos dois jogos deste problema, que vale lembrar, foi visto também em alguns jogos do Corinthians nesta temporada.


Outra coisa que chamou bastante atenção foram as constantes trocas de posição entre as jogadoras nas ações ofensivas. No primeiro jogo, muitas vezes vimos Marta ocupar o lado esquerdo quando o Brasil iniciava a jogada, trazendo com ela a sua marcadora e deixando um espaço na defesa adversária que era aproveitado por Tamires, que quase marcou um gol em um dos seus avanços. Já na segunda partida, Adriana e Bia Zaneratto fizeram algo semelhante pelo lado direito, levando bastante perigo, principalmente nos primeiros 45 minutos de jogo.


Se estes dois pontos podem ser considerados positivos, os jogos também deixaram diversos pontos de atenção. Um deles é a atuação de Marta, Cristiane e Tamires nos dois jogos. A pouca participação e a facilidade com que foram vencidas nos embates deve ser algo para se preocupar. A Copa do mundo já havia dado um recado claro de que a intensidade do jogo dificultou demais a atuação de atletas mais experientes e as duas partidas contra o Canadá acenderam um sinal de alerta. Considerando que nas Olimpíadas apenas 18 nomes farão parte da delegação, espera-se que não haja espaço para reparações ou para realizações de desejos pessoais entre os nomes escolhidos.


Para finalizar, um ponto que vimos durante todo o período da seleção sob o comando de Pia Sundhage e que foi visto nestes dois jogos. As tomadas de decisão no ataque, problema que persegue a seleção há anos. O time apresenta intensidade, controla o jogo na maior parte do tempo e chega com certa facilidade até a área adversária, mas o último passe ou o individualismo de algumas jogadoras fazem com que a seleção, quando está com o jogo em suas mãos, não transforme isso em vantagem no placar. Arthur precisa encontrar uma maneira de melhorar este aspecto, pois ele é crucial para que o Brasil consiga atingir o próximo nível.

Em resumo, ficou claro que a ideia de jogo será bem diferente do outro ciclo, como foi falado desde a primeira entrevista da nova comissão técnica. Portanto, é importante sabermos que estas mudanças dificilmente entregam resultados imediatos e que nem sempre todas as tentativas darão certo - o segundo tempo do segundo jogo é prova disso. Porém, os pontos citados acima servem como direcionamento para futuras análises. É importante ter calma, mas sem deixar de questionar problemas que podem dificultar a evolução do time.

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