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SUPER ZEE

Asisat Oshoala e a jornada que inspira todo um continente



O futebol e a bola no pé sempre a fizeram Asisat Oshoala feliz. Como a grande maioria das jovens mulheres que tem no futebol a principal diversão na infância, ela sofria com o conservadorismo da família que gostaria de tê-la dentro de casa ajudando nas tarefas domésticas. Por diversas vezes o uniforme da escola sujo de terra foi motivo de briga na pequena casa em Ikorodu - cidade do estado de Lagos, capital da Nigéria.


Como muitas atletas, foi descoberta quando jogava em uma equipe de homens. Ao ser convidada para jogar em uma equipe de mulheres, o FC Robo, pediu ao treinador Osahon Orobosa que ele conversasse com seus pais, mas sem muita esperança de que ele conseguiria a permissão deles. Surpreendentemente o pai aceitou de bate pronto. A mãe, mesmo na dúvida, acabou aceitando que ela fizesse parte do time.


Oshoala mais uma vez chamou a atenção com o seu futebol graças as atuações no FC Robo e no Rivers Angels, desta vez quem se impressionou foi o técnico da seleção sub-20 da Nigéria. A sua habilidade, velocidade e disposição durante todo o jogo a levou para o mundial da categoria em 2012, onde sabe-se lá o motivo, jogou como meio campista defensiva, causando revolta de todos que a viam destruindo defesas pelo seu clube durante a temporada do futebol local.


Na segunda oportunidade de representar a seleção no mundial sub-20 – em 2014 no Canadá - a história foi bem diferente. Jogando como atacante fez gols de todas as formas e utilizando todos os recursos técnicos possíveis que uma jogadora poderia apresentar em uma competição. Infelizmente o título não veio. Mesmo fazendo uma partida melhor do que as rivais alemãs, perderam o jogo na prorrogação. Mas o reconhecimento das ótimas atuações veio através dos prêmios individuais. Asisat ganhou a Bola de Ouro - prêmio de melhor jogadora, e a chuteira de ouro - prêmio da artilharia pelos sete seus gols na competição.


Após o torneio a atacante recebeu diversas propostas da Europa e acabou aceitando a do Liverpool, tornando-se a primeira jogadora africana a jogar na Liga Inglesa. Foi ali que Oshoala começou a perceber que o seu futebol e as suas atitudes dentro e fora de campo eram importantes não só para ela, mas para diversas garotas do seu continente que buscavam por algo que as motivassem a continuar com o sonho de se tornarem jogadoras de futebol.


No mesmo ano, mesmo muito jovem, foi uma das lideranças durante a breve campanha da Nigéria na Copa do Mundo de 2015, quando caíram logo na fase de grupos. A decepção dentro de campo veio com uma dose de lições para o futuro. Logo após o torneio ela por diversas vezes cogitou retornar ao seu país, mas resistiu fortemente até receber uma proposta no futebol da China.


No Dailan Quanijan imaginava-se que o nível do seu futebol fosse diminuir, o que não aconteceu. As boas performances chamaram atenção de um clube europeu que tinha um projeto sólido e ambicioso. O convite do Barcelona fez os olhos de Super Zee (como é conhecida desde jovem na Nigéria) brilharem e ela aceitou o desafio de voltar ao velho continente.


Na Copa do Mundo de 2019, com 23 anos, a atacante não era mais uma jovem buscando espaço no cenário mundial. Os holofotes voltaram-se para ela nos jogos da Nigéria, que mais uma vez fez uma campanha abaixo do esperado e caiu para a Alemanha nas oitavas de final. Desta vez, sem a sua melhor jogadora em campo, já que a atacante estava machucada.


Asisat Oshoala em ação na Copa do Mundo de 2019. Foto: Getty Images | FIFA

Os anos seguintes ao mundial foram do mais alto nível. Ganhou títulos pelo clube catalão e prêmios individuais, como por exemplo, o de melhor jogadora da África. Asisat Oshoala celebra suas conquistas e valoriza cada uma delas, mas não no leva muito isso para o âmbito pessoal. Como o principal nome africano dentro da modalidade, assumiu o posto de ícone de uma geração, tornando-se um exemplo de dedicação e uma inspiração para jovens mulheres de todo um continente.


A “Rainha de Lagos” sabe que se no começo da carreira era uma jovem talentosa que lutou por ela e pela sua família, hoje é uma guerreira que luta por milhares de crianças que sonham em ser como a Super Zee. O melhor disso tudo é saber que ela tenta sempre passar a mensagem de que futebol não é tudo e que os estudos são essenciais - "Eu quero que estas garotas saibam que elas não devem focar apenas no futebol, pois quando chegarem aos 40, 50 anos elas não terão capacidade de jogar, por isso devem conciliar o esporte com o estudo".


Ou seja, realmente uma Rainha que sabe a importância que tem.

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