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O PACAEMBU DELAS

O manifesto da ROZZEIRA para que o Estádio do Pacaembu seja a casa do futebol feminino de São Paulo

Jornal O Radical (RJ), 21 maio 1940, p. 10 | Acervo Fundação Biblioteca Nacional

Na manhã de quinta-feira, 2 de março, acordamos com a notícia de que a cidade São Paulo criou uma força-tarefa para que o Brasil entre como candidato a sediar a Copa do Mundo Feminina de 2027. Sim, a cidade de São Paulo, que tem três das grandes forcas da modalidade no país localizadas em seu território, mas que jogarão parte das suas partidas do Campeonato Brasileiro em cidades do interior, decidiu que merece ser uma das cedes do maior evento de futebol feminino do planeta.


São Paulo também é a cidade do Pacaembu. Do meu, do seu, do nosso Pacaembu. Estádio cheio de histórias, um patrimônio histórico que deveria ser muito bem tratado pelos governantes da cidade, mas que anos atrás foi privatizado e hoje, nada mais é, do que um gigante canteiro de obras no meio da selva de pedra.


Aproveitando a empolgação de todos os envolvidos nesta ideia de sediar a Copa do Mundo por aqui, nós da ROZZEIRA, temos uma sugestão aos políticos, secretários e a todos os envolvidos na licitação do Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho.


TRANSFORMEM O ESTÁDIO DO PACAEMBU NA CASA DO FUTEBOL FEMININO DE SÃO PAULO.

Imaginamos que todos envolvidos na nova administração saibam, mas uma partida entre as equipes do subúrbio carioca SC Brasileiro e Cassino Realengo, que aconteceu na inauguração do Pacaembu, foi estopim da proibição da modalidade no país. Na época, políticos e jornalistas destilaram todo seu machismo e conservadorismo contra a participação das mulheres no futebol, considerando tudo aquilo um absurdo. A revolta dos homens foi tão grande que o escritor conservador José Fuzeira decidiu mandar uma carta ao presidente Getúlio Vargas espalhando a tal “Fake News” de que: “um esporte tão violento poderia afetar o equilíbrio psicológico das funções orgânicas, devido a natureza que a dispôs a ser mãe”.


Em 1941, menos de um ano após a partida, o decreto-lei 3199 foi assinado, dizendo que, devido a características da própria natureza feminina não seria permitido às mulheres a pra1tica de determinados esportes, entre eles o futebol.


Portanto, trata-se de uma reparação histórica. Uma correção tardia à lei criada no seu primeiro período de Ditadura – o Estado Novo. A nossa proposta é de que o estádio Municipal se torne o epicentro de desenvolvimento da modalidade, sendo espaço de jogos das equipes principais, categorias de base, torneios amadores e de um grande projeto social que acolha jovens mulheres das periferias da cidade.


O compromisso também seria uma forma da administração do estádio manter seu compromisso firmado com a principal função do imóvel que eles adquiriram: o esporte. Assim como uma forma de provarem que realmente estão seguindo as tendências do momento e que fariam do complexo um local mais moderno e conectado com a necessidade dos moradores da cidade.


Parece óbvio, mas, se a maior cidade da América Latina se propõe a ser uma das sedes da Copa do Mundo Feminina, nada mais justo de que ela tenha em seu estádio o principal centro do futebol feminino no país.


Está lançado a proposta. Baseada no compromisso com a modalidade, por parte da força-tarefa e o compromisso com a história do estádio do Pacaembu, por parte dos seus administradores.


Att, ROZZEIRA, a Revista da Mulher no Futebol.

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1 commentaire


Invité
25 juin 2023

!!! "UURRAA"!!! PARABÉNS!!! ESTAMOS JUNTOS!!!

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