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CHEGAMOS NAS QUARTAS DE FINAL

Uma análise sobre os pilares que fizeram a diferença na primeira fase e como eles serão importantes nos jogos eliminatórios do Brasileirão Feminino

Foto: Fabio Menotti - Palmeiras

Conforme previsto na nossa primeira edição (que aliás você pode comprar clicando aqui), a primeira fase do Campeonato Brasileiro ficou marcada pelo equilíbrio. Por mais que a classificação final mostre uma certa separação na pontuação entre os quatro primeiros e as outras equipes classificadas, as partidas que envolveram estas equipes ficaram marcadas por três pontos que com certeza veremos nos jogos eliminatórios: superioridade das equipes que jogam em casa, ótima qualidade técnica e principalmente a importância de se ter um bom meio-campo. Falaremos sobre cada um deles a seguir:


A FORÇA DE JOGAR EM CASA


Diversas equipes poderiam ser usadas como exemplo quando se trata da força de jogar em casa, mas nenhuma deixa tão clara a vantagem quanto o Real Brasília. As Leoas do Planalto fizeram 19 dos 26 pontos jogando no Defelê. Ironicamente uma das vitórias mais importantes da equipe foi fora de casa na última rodada contra o Atlético Mineiro, mas as grandes vitórias sobre Internacional e Santos, sob seu comando, provam que sempre será complicado encarar a equipe na capital. A busca por um ganho maior de receita no confronto contra o Corinthians fez com que a diretoria levasse a primeira partida das quartas para o Mané Garrincha. Totalmente compreensível se considerarmos a oportunidade e a importância do jogo, mas provavelmente, jogar em um estádio maior e com a torcida visitante presente, o jogo tende a dar uma equilibrada.


Outra equipe que fez da sua casa uma vantagem em relação as adversárias foi o São Paulo. Por mais que haja diversos questionamentos sobre a escolha do clube em mandar os jogos no CT Laudo Natel em Cotia, tirando da grande maioria da torcida a chance de assistir o time do coração por mais vezes, o Tricolor foi o melhor mandante da primeira fase ganhando TODAS as partidas, sendo uma delas a grande vitória sobre o Palmeiras por 2 x 1. A tendência é que o São Paulo siga mandando os jogos no seu Centro de Treinamento até a final, o que faz dele um dos favoritos no chaveamento em que se decide um dos finalistas.


Até o Flamengo, que fez apenas treze pontos jogando no seu estádio e foi o pior mandante entre os classificados, pode ver a situação mudar ao mandar a partida contra o Internacional no Estádio Luso Brasileiro. A equipe que por muitas vezes jogou com os portões fechados, terá o apoio da torcida e isso pode a fazer diferença em um confronto tão equilibrado.


Por esta importância do mando de campo a tendência são as quatro melhores equipes se classificarem, mas se tem um fator que pode mudar isso: a qualidade técnica de algumas jogadoras.


A QUALIDADE TÉCNICA


Quando se trata de grandes nomes do nosso futebol, podemos nos considerar privilegiados. Grande parte das jogadoras da seleção jogam por aqui e durante a pausa para a Copa América, diversos nomes chegaram e retornaram ao país ajudando ainda mais a aumentar o nível técnico.


O futebol apresentado por equipes como a do Palmeiras de Bia Zaneratto, que comanda as ações ofensivas (tema que destacamos em um texto que você pode ler aqui), do Internacional que tem em Duda Sampaio todo o controle de jogo e da forma como Yaya se impõe sob as adversárias tornando-se um pilar do São Paulo, são ótimos exemplos.


Além disso, a chegada de jogadoras como Vic Albuquerque e Luana Bertolucci ao Corinthians, traz um equilíbrio maior a equipe que também contará com o retorno de Gabi Zanotti depois de um período fora por contusão. No Flamengo, Sole James e Giovanna Crivelari mudaram o patamar do Rubro-Negro na fase eliminatória e trazem ainda mais qualidade ao campeonato. Qualidade esta que grande parte está no meio-campo.


A IMPORTÂNCIA DE UM BOM MEIO CAMPO


Quem acompanhou os jogos da Supercopa ou alguns jogos, principalmente do estádio, envolvendo as principais equipes da primeira fase, conseguiu ver a importância de se ter um bom meio de campo. Uma boa organização tática, jogadoras talentosas e muita disposição física foram os pilares do sucesso deste setor tão crucial para que a ideia de jogo funcione.


Impossível não citar o meio-campo do Palmeiras como exemplo. A forma como a equipe consegue rodar a bola com qualidade em volta da área adversária quando precisa atacar e a forma como se recompõe e fecha muito bem os espaços, foi a principal razão das Palestrinas terem a melhor campanha da primeira fase. A partida que sintetiza tudo isso foi a vitória sobre o Corinthians no Allianz Parque. A forma como o time jogou de forma intensa, forcando o erro do adversário e controlando o jogo quando tinha a bola fez do clássico uma partida relativamente fácil e muito disso tem relação com a forma como o meio-campo tomou conta da partida e não deixou o adversário jogar.


Outros dois times que mostraram muita organização no meio-campo foram São Paulo e Inter. Por mais que em alguns momentos a estratégia das equipes seja a de se defender e esperar os adversários, principalmente por parte do São Paulo, a saída rápida e a dedicação defensiva fizeram com que estas duas equipes fossem duas das melhores da competição. O fato de ter em seus elencos Duda Sampaio por parte do Inter e Yaya por parte do São Paulo, ajudam demais, mas o fato é que toda a organização e disposição de cumprir as funções táticas durante as partidas são pontos que merecem destaque.


Por outro lado, mesmo fazendo uma campanha para ficar entre os quatro primeiros, a ausência de Gabi Zanotti escancarou a importância da sua presença no meio-campo da equipe, principalmente nos grandes jogos. O time perde demais em criatividade, em qualidade nos chutes de fora da área e principalmente em força física para se impor diante dos adversários. Bem provável que com o seu retorno e a chegada de Luana, a história seja bem diferente. Será interessante ver os primeiros jogos com as duas neste setor do campo para entender melhor quais as ideias de Arthur Elias para fazer com o time volte a ter sempre o controle das partidas.


A verdade é que daqui para frente todos os jogos serão atrativos de acompanhar. Todos os times apresentam características interessantes e ótimas jogadoras para nos proporcionarem um ótimo espetáculo. Infelizmente, três das quatro partidas acontecerão ao mesmo tempo na manhã de domingo e não poderemos dar a atenção devida em todos os jogos, mas ainda assim vale ligar a TV, o computador, o celular e o tablet para acompanhar todas as histórias da fase final do Brasileirão mais equilibrado de todos os tempos.


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