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AUSSIE RULES

Sam Kerr, a esperança de um país e uma referência para o planeta


Foto: Getty Images | FIFA

Assim como no Brasil, quando surge uma atleta que se destaca muito em algum esporte que não é o mais popular do país, logo ela vira uma referência, tem todos os holofotes virados para as suas performances e carrega consigo toda a responsabilidade de representar uma modalidade e servir de inspiração para as novas gerações. Samantha May Kerr, com seus 29 anos, carrega este peso há um bom tempo. Neste ano a responsabilidade se tornou ainda maior, pois ela é a principal jogadora de uma das sedes da Copa do Mundo e todas as esperanças e expectativas da torcida estão nas suas performances. Por sorte deles, a vida a preparou para este momento e a atacante das Matilda's, mesmo perdendo as duas primeiras rodadas da Copa do Mundo, está mais do que pronta para carregar a nação. Para entender como ela chegou até aqui siga a leitura para conhece-la ou a admira-la ainda mais.


TUDO COMEÇA EM CASA


Sam Kerr tem uma ligação desde pequena com esporte graças a sua família, repleta de atletas. Para ela, viver com isso de forma tão próxima foi o que a tornou tão competitiva. Graças à descendência indiana, o início se deu no cricket, jogando no quintal com os irmãos. A relação com o esporte se torna ainda maior quando aos seis anos ela vê a corredora Cathy Freeman brilhar na pista de atletismo do estádio olímpico de Sidney. A corredora foi a sua primeira referência, a sua primeira heroína. Foi ali que a paixão por esporte transformou-se em desejo de ser uma atleta.


Aos sete anos ela começou a jogar futebol, mas o futebol australiano, esporte que parece misturar o futebol que conhecemos com o rugby. Lá como cá, Sam teve que jogar com os garotos, já que a prática de um esporte com tanto impacto não era visto como um esporte para mulheres. Com a dificuldade de conquistar espaço, a pequena garota decidiu ouvir o conselho dos primos e foi jogar futebol - ou o Soccer, como é chamado na Austrália. No começo, ele servia apenas como uma diversão e uma maneira de continuar praticando algum esporte. Mesmo sendo destaque, ela jamais imaginou que chamaria a atenção de olheiros da federação australiana. Só quando recebeu um convite para um período de treinamentos com diversas jovens de todo o país organizado pela entidade, que ela realmente percebeu que era talentosa o suficiente para jogar em alto nível.


UMA NOVA MATILDA


Já naquela época, era fácil ver que, além de técnica, Sam Kerr era muito forte e destemida. Mostrava personalidade e encarava todos os jogos da mesma forma: sempre muito competitiva e sem medo de encarar adversárias mais experientes. Prova disso foi a conquista da Copa da Ásia aos 16 anos. Porém, na sua primeira Copa do Mundo pelas Matilda’s, em 2011 na Alemanha, veio um choque de realidade. A falta de empenho nos treinos e até um certo descaso durante a temporada fez com que as atuações no torneio fossem bem abaixo do esperado. Porém, estar naquele ambiente serviu de motivação para seguir em frente e se dedicar ainda mais para chegar ao topo.


Outro obstáculo na carreira surgiu em 2014, quando foi obrigada a fazer uma cirurgia em função de problemas na cartilagem do joelho. O período de recuperação para jogar a Copa de 2015 foi duro, mas foi nele que Sam Kerr amadureceu ainda mais, voltando aos gramados como uma jogadora mais forte mentalmente. Ela foi uma das principais atletas na campanha da seleção australiana, que parou nas quartas de final ao ser derrotada por 1 x 0 pela seleção japonesa, que venceria o torneio.


A partir daquele momento ela se tornou um símbolo da seleção australiana. Porém a atacante não estava satisfeita com o desempenho que tinha pela seleção, pois considerava que era muito abaixo do que fazia no Chicago Red Stars, clube da liga dos EUA onde foi artilheira no período em que esteve por lá. Sam foi em busca de apoio psicológico para entender os motivos que a levava a não ter a mesma performance que tinha no clube pelas Matilda’s. A Copa de 2019 estava chegando e a camisa 20 da seleção tinha todos os holofotes virados para ela, pois além de ser a principal jogadora tecnicamente, ela recebeu a faixa de capitã para liderar o elenco nos gramados franceses.


Foi neste torneio que ela apresentou ao mundo o mais alto nível do seu futebol, demonstrando polivalência e o instinto vencedor. Nem a eliminação para a Noruega nos pênaltis, na qual ela erra a cobrança, apagou o quão grande foram as suas atuações nas quatro partidas que fez na Copa do Mundo. A prova disso foi a sua transferência para o Chelsea. Sam Kerr foi o desejo número um da treinadora Emma Hayes. A comandante da equipe londrina precisava de uma jogadora com poder de decisão e personalidade forte para transformar a sua equipe na maior força da Liga inglesa. O tetracampeonato inglês e as premiações individuais que recebeu durante as quatro temporadas que está por lá provam que e a escolha deu muito certo.


"A beleza de ser atleta é nunca estar satisfeita com a jogadora que você é. Isso que me motiva a buscar ser melhor sempre". Sam Kerr, para o Documentário FIFA ICONS, disponível no FIFA+

No Chelsea, ela continuou sendo a máquina de gols das temporadas nos EUA, mas a cada temporada se apresentava como uma atleta melhor, mais decisiva e principalmente mais líder. Estar mais a vontade em um clube vencedor fez com que Kerr se expressasse mais fora de campo. Presente em diversas campanhas da Nike, sua patrocinadora esportiva, ela começou a explorar outros caminhos, como a parceria com a Lego, a presença na capa do game FIFA e até sendo referência de moda para jovens garotas não só da Austrália, mas de diversas partes do mundo.


Portanto, quando a atacante puder estrear pela seleção australiana na Copa do Mundo, seja lá o tempo jogar, a torcida sabe que poderá contar com uma representante dentro de campo. Uma atleta que fará de tudo para levar a sua equipe ao topo, através da sua técnica, da sua vontade e, principalmente, da sua forma única de liderança. A garota tímida que quando criança foi forçada a trocar o Futebol Australiano pelo Soccer, hoje ama o que faz e principalmente, ama ser uma Matilda e tudo o que isso representa.

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