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I STILL BELIEVE

Os primeiros 45 minutos do Brasil contra os EUA mostraram que a seleção pode competir em alto nível

Foto: Thais Magalhães/CBF

Hoje em dia, a expressão “jogou de igual para igual” está banalizada e virou motivo de piada no mundo do futebol. Porém, nos primeiros 45 minutos da seleção brasileira contra os EUA, igualando em intensidade e disputando todas as bolas, em todas as regiões do campo, deu esperança de que em jogos de alto nível competitivo, a equipe brasileira também consegue entregar um jogo de alto nível.


O que mais chamou atenção quando a bola rolou, foi a disposição tática das jogadoras das duas linhas de frente. As meias que jogavam abertas subiram e fizeram uma linha de marcação, juntando-se a Debinha e Bia Zaneratto. Isso dificultou demais a saída de bola das estadunidenses. Ary Borges e Kerolin pressionavam Rose Lavelle e Lindsay Horan excluindo-as das opções de passe e caso elas recebessem a bola sempre dificultavam o primeiro contato. A melhor compactação entre as linhas e a dedicação tática só foi vencida pela equipe adversária quando Lavelle buscava espaço entre as linhas ou Alex Morgan recuava até o meio campo para participar mais do jogo. Aliás, foi desta maneira que abriram o placar no fim do primeiro tempo.


A tomada de decisão no ataque tem sido um problema que é abertamente citado pela treinadora e até algumas por atletas do elenco, que reconhecem o fato de que a pressa na definição das jogadas, faz com que a escolha nem sempre seja a ideal e isso tem um peso muito grande em jogos deste tipo.


O segundo tempo, mesmo sendo bem abaixo do que foi visto no primeiro, também deu respostas importantes para Pia Sundhage. A primeira foi a segura e precisa atuação de Bruninha, que participou não só do lance do gol, mas sempre foi uma opção de jogo quando a equipe buscava por espaços. A outra resposta positiva foi a de Geyse jogando no ataque. Se não foi um primor técnico, pelo menos deixou claro que ela se sente mais confortável jogando naquela posição do que aberta na linha do meio campo e recebendo muitas vezes a bola de costas e não com espaço para acelerar ou de frente para o gol.


Já as respostas negativas envolvem grandes nomes da seleção. A primeira é Tamires, que sem a compactação bem executada sofre demais na hora de recompor ou quando joga sem cobertura. A outra é Marta, que jogando mais por dentro pouco tocou na bola e foi facilmente marcada. Claro que sabemos que ela está longe do ideal quando se trata de ritmo de jogo, mas a dificuldade durante o tempo que esteve neste setor do campo liga um sinal de alerta.


Sei que muitos, até este que vos escreve, imaginava uma performance mais consistente na SheBelieves Cup, com a base da seleção sendo testada em três jogos contra ótimos adversários. Mas a comissão preferiu buscar variações de jogo e alternativas para definir alguns nomes e opções para a Copa do Mundo. Algumas tentativas foram bem questionáveis – como Tarciane na leteral direita e Adriana jogando à frente da área – mas outras deram certo – principalmente Kerolin jogando de área a área e iniciando as jogadas.


Após esses três jogos, ainda tenho a impressão de que o time poderia estar alguns níveis acima, apresentando transições mais naturais entre defesa e ataque e reagindo de forma mais coordenada quando precisa se defender. Porém, reforço que a ideia de jogo está lá, gostando ou não do que Pia Sundhage deseja para esse time, ela existe e as jogadoras se dedicam ao máximo para que ela seja executada.

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