Vencemos mais uma vez, mas a sensação é a de que a Seleção continua parada no mesmo lugar
O Brasil venceu a África do Sul por 3 x 0 em Joanesburgo no primeiro dos dois amistosos que fará contra a seleção campeã africana nesta data FIFA. O placar, se visto isoladamente, gera empolgação, mas ao assistir os 90 minutos fica bem claro que os problemas vistos durante a conquista da Copa América continuam e infelizmente parecem estar distantes de uma solução.
O Brasil, mesmo tecnicamente superior ao adversário, teve sérias dificuldades para trabalhar a bola, manter a posse e determinar o ritmo da partida. Grande parte das jogadas ofensivas vieram mais uma vez do talento individual das nossas jogadoras.
O problema de articulação e controle do jogo vem muito graças ao esquema de duas linhas de quatro que faz com que Duda Sampaio e Ary Borges sejam sacrificadas pela falta de cobertura e desgaste na hora da recomposição, que também as deixam bem distantes de Geise e Debinha. Duda até recuou algumas vezes para auxiliar na saída e na transição, mas o time ainda parece ter problemas de movimentação e diversas vezes faltam opções de passe para as jogadoras mais criativas da seleção, forcando a bola longa de alguma zagueira ou o passe para uma jogadora que está marcada.
De positivo fica a conhecida jogada em que Debinha sai da área e encontra Adriana chegando em diagonal ocupando o espaço vazio para marcar, como aconteceu diversas vezes durante a Copa América. As duas jogadoras têm um entendimento de jogo acima da média e isso favorece demais para que os gols aconteçam.
Outro ponto que merece destaque é a sequência de jogos sem sofrer gols, o sétimo somando a campanha da Copa América. A dupla Kathellen e Rafaelle mostra muita segurança e praticamente não teve trabalho na partida de hoje, muito graças ao posicionamento e a boa leitura de jogo. Se tem algo que podemos considerar como pronto para grandes jogos é a dupla de zaga.
Pia em sua coletiva foi clara dizendo que, mesmo com o placar positivo, não gostou do que viu em campo. Citou muitos dos problemas destacados acima e que está em busca de correção. O fato é que estamos há praticamente nove meses da Copa do Mundo e estes testes citados por ela, nos deram poucas certezas e a sensação de que a seleção está estagnada, não consegue evoluir coletivamente e às vezes até dificulta o melhor rendimento de ótimas jogadoras. É responsabilidade da experiente treinadora buscar soluções e formas de jogo que façam este time evoluir, caso contrário iremos para mais uma Copa do Mundo com a sensação de que enquanto todos evoluem, continuamos estacionadas no mesmo lugar.
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