Brasil encara a Jamaica com a pressão de vencer para seguir escrevendo a sua história na Copa
Tudo que você vai fazer, mesmo que você saiba fazer aquilo muito bem, será mais difícil quando você estiver sob pressão para fazê-lo. Desta forma a nossa seleção entrará no campo no Estádio Retangular de Melbourne para encarar a Jamaica.
Assim como todas as jogadoras e membros da comissão técnica falaram nos dias após a derrota para a França, temos que olhar para frente e mirar a nossa próxima adversária. A Jamaica chegou à Copa do Mundo com uma crise gigantesca entre atletas e dirigentes da Federação, onde se viram obrigadas a fazerem uma vaquinha (ou crowdfunding se preferir) para que elenco e membros da delegação pudessem viajar até a Austrália e disputarem o torneio. Na estreia, esperava-se uma derrota para a França, mas o que vimos foi uma seleção aguerrida, muito dedicada na marcação e que deixa tudo em campo, como aconteceu no empate heroico sem a sua melhor jogadora por grande parte do tempo.
O PERIGO TEM NOME
Khadija Shaw, ou Bunny Shaw como é conhecida, joga como atacante no Manchester City e foi a vice-artilheira do Campeonato Inglês da temporada 22/23 com vinte gols. Ela retorna de suspensão nesta partida e será a principal preocupação da nossa seleção. Com noção de posicionamento acima da média, ela se aproveita da inteligência que tem para proteger a bola usando o corpo e com a bola sob o seu domínio pode distribuir o jogo para as duas pontas ou girar em cima da marcação e sair em velocidade para a direção do gol, uma das suas jogadas favoritas. Provavelmente ela jogará sozinha no ataque esperando um contra-ataque, que muitas vezes é puxado pela jovem talentosa Jody Brown, atleta universitária do Florida State e que está na seleção principal desde os 16 anos. Jogando pelo lado esquerdo do ataque, será a responsável por diminuir os espaços de Ary Borges, ao mesmo tempo em que forçará a nossa jogadora a ter cuidados defensivos, ação que ela não cumpriu muito bem na partida contra a França.
ESTRATÉGIAS E OPORTUNIDADES
Já era previsto que a Jamaica jogaria com as linhas baixas contra o Brasil em qualquer circunstância. Com o empate a seu favor, as atenções defensivas serão dobradas. Por isso, o Brasil, que terá a obrigação de propor o jogo, precisará de muita paciência para furar o bloqueio. A troca de movimentação no setor ofensivo, tão bem executada na partida contra o Panamá, terá de funcionar novamente. Provavelmente Tamires e Antônia não tenham tanto espaço, mas ainda assim serão importantíssimas na chegada pelos lados de campo, principalmente a lateral esquerda do Corinthians, que tem como costume entrar em diagonal para parte central do campo e ter uma função mais construtiva quando o Brasil tem a bola.
Por outro lado, o grande desafio será corrigir um dos problemas do confronto contra a França. O Brasil poucas vezes competiu pela bola na parte central do campo. Por muitas vezes o Timing do movimento para fechar os espaços foi atrasado, resultando em espaços para a seleção adversaria rodar a bola e achar os espaços. Ao contrário do que fez nas melhores atuações recentes, o Brasil na sua derrota não se adaptou ao esquema da equipe adversária ao ponto de ser competitiva e isso precisa retornar na partida contra a Jamaica, e claro, na sequência da competição.
O VEREDITO
O Brasil é melhor time e tem tudo para passar. Está na mão da seleção conseguir controlar o jogo, fazer uma boa atuação e seguir para as oitavas. Porém, se com o passar do tempo a seleção não tomar as rédeas do jogo, ele se tornará cada vez mais perigoso, deixando a nossa equipe impaciente e desgastada - física e mentalmente. Por muitas vezes nesta Copa do Mundo a equipe que tentou propor o jogo teve dificuldade para criar e sofreu com os contragolpes. Caso tenhamos esta situação novamente, o que parecia impensável dias atrás pode acontecer e o Brasil, graças aos seus próprios erros, poderá voltar para casa. O que seria um baque muito grande para todos nós e principalmente, para a evolução da modalidade no país.
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