As datas e horários do futebol feminino são verdadeiros obstáculos para quem luta pelo crescimento da modalidade
Jogos de ida das quartas de final do Brasileirão. A hora da decisão, com quatro grandes confrontos do campeonato mais equilibrado entre todos já disputados. A expectativa: oferecer ao torcedor, a quem acompanha ou cobre o futebol feminino grandes jogos e boas histórias durante todo o final de semana. A realidade: três jogos disputados ao mesmo tempo na manhã de domingo e um jogo isolado na noite de segunda-feira.
Dias depois, pela segunda rodada do Paulista, jogos disputados em um dia útil às 11h, 15h e 17h, como se fossem jogos um torneio de base, impedindo que o torcedor consiga comparecer ou acompanhar pelos diversos serviços que transmitem os jogos.
Nos jogos de volta das quartas de final do Brasileirão, finalmente os jogos acontecerão em horários diferentes, porém, o descaso com o torcedor continua. Sabe-se lá o motivo, mas o Palmeiras jogará em seu estádio no sábado no horário chamado de “jogo balada”, às 21:30 da noite. O Corinthians foi informado no fim da tarde de sexta-feira que o seu jogo, que aconteceria às 11h, deveria ser adiantado meia hora e iniciar às 10:30, com a desculpa de que, por motivos de segurança em função da partida entre Palmeiras x Flamengo pelo Campeonato Brasileiro masculino, jogo que está marcado para às 16 horas deste domingo há semanas.
Este descaso das federações, aliado ao poder de decisão de quem transmite os jogos tem, por muitas vezes, os clubes como cumplices. A maioria deles aceita a falta de cuidado com que se trata o evento e todas estas mudanças ou horários de gosto questionável, quase que agradecendo o fato de existir uma transmissão dos jogos, mesmo que isso prejudique a sua programação, a sua logística e principalmente, o seu torcedor. Além disso, ao contrário do masculino, os direitos de transmissão não são as principais fontes de renda, o que justifica ainda mais repensar a programação dos jogos para que se tenha mais pessoas nos estádios.
É necessária uma mudança de comportamento de quem comanda ou participa destas decisões envolvendo o futebol feminino. Eles precisam entender de uma vez por todas que a modalidade não pode viver sob a sombra do futebol masculino, criando para ela uma cultura própria de datas de jogos e horários, para que o crescimento de pessoas que se interessem pelas equipes aumente, principalmente quando se trata do Campeonato Brasileiro, que com o passar dos anos conquistou seu espaço e está longe de ser uma preliminar do masculino para ser disputado em dias e horários pouco convidativos.
O “produto futebol feminino” vai melhorando a cada ano em diversos aspectos, mas é necessário que as lideranças da modalidade não sigam o conservadorismo e a politicagem barata e acompanhem esta evolução para não depender do acaso e de ações isoladas para crescer.
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