Tudo que você precisa saber de forma simples e direta sobre os confrontos do primeira fase eliminatória da Competição.
“O jogo é jogado e o lambari é pescado”.
Você provavelmente já ouviu essa frase quando, em uma conversa, algumas pessoas falavam sobre o fato de que, no futebol, ninguém ganha de véspera e que tudo se decide no campo. A prova concreta disso foi a primeira fase desta Copa do Mundo, em que três equipes do Top 10 do Ranking da Fifa – Alemanha. Brasil e Canadá – Ficaram de fora do grupo de 16 seleções que disputarão as oitavas de final.
A verdade é que, quando a FIFA anunciou 32 seleções, grande parte dos especialistas disseram que isso aumentaria a diferença entre as equipes e o nível de grande parte dos jogos seria abaixo do ideal. Porém, o que vimos foi uma primeira fase bastante equilibrada equilibrada e, em sua grande maioria, com diversas equipes tradicionais passando por dificuldades e algumas encarando resultados inesperados.
Tudo isso nos dá a esperança de que as oitavas de final sejam repletas de bons jogos, todos bastante disputados e provavelmente, com algumas surpresas, para manter a média do torneio. Abaixo, compartilhamos com você um pouco de cada confronto para te ajudar a ficar por dentro das oitavas de final.
SUÍCA X ESPANHA – 05.08 | 4H (horário de Brasília)
A Suíça, silenciosamente tornou-se líder do Grupo A, muito graças aos tropeços de seus adversários no grupo, principalmente o da Noruega na estreia contra a Nova Zelândia. A vitória por 2 x 0 sobre Filipinas e os dois empates em 0 x 0 na sequência foram o suficiente para uma equipe que tem na segurança defensiva o seu ponto forte, principalmente graças a goleira Gaelle Thalmann, que foi essencial para que a equipe passasse de fase sem sofrer um gol sequer.
Resta saber, se o poder defensivo será o suficiente para suportar o ataque da seleção espanhola, que fez oito gols em seus dois primeiros jogos da Copa, sempre apresentando alto número de posse de bola e criando muitas chances. Não à toa, é a equipe com o maior número de passes completados e com de chances criadas na competição. Porém, quando enfrentou uma equipe que se fechou bem e se aproveitou da péssima recomposição da sua linha de defesa, a Espanha sofreu uma das mais duras derrotas da primeira fase ao perder para o Japão por 4 x 0.
Como neste torneio muitas equipes que decidiram jogar de forma reativa se deram bem, a Suíça provavelmente adotará essa postura, na espera de que tenha o mesmo sucesso que as japonesas, e assim, surpreenda uma das favoritas a vencer o torneio.
JAPÃO X NORUEGA – 05.08 | 7H (horário de Brasília)
A melhor seleção da primeira fase. Onze gols feitos e nenhum gol sofrido. Esta é a campanha da seleção japonesa. Com um time rápido e extremamente sólido no setor defensivo, a equipe treinada por Futoshi Okeda tem uma forma única de jogar entre as 32 seleções, que alterna o controle do jogo através da troca rápida de passes com duas linhas de defesas baixas que fecham muito bem a linha de passe e que quando retomam o controle da bola chegam com pouquíssimos passes até o gol adversário.
Será interessante ver o confronto entre o experiente time norueguês, que mesmo fazendo dois primeiros jogos bem inconsistentes, se encontrou no terceiro jogo e conta com jogadoras decisivas que mostram personalidade em jogos grandes, como Caroline Graham Hensen, Fridolina Rolfo e claro, a atacante Ada Hegerberg, que sofreu com problemas físicos na primeira fase, mas é uma das mais decisivas jogadoras do mundo.
Prepare-se para ver um dos confrontos mais interessantes do mundo. A quantidade de talentos individuais nesta partida é certeza de jogo bom. Imperdível.
HOLANDA X ÁFRICA DO SUL – 05.08 | 23H (horário de Brasília)
A atual vice-campeã mundial foi uma das melhores seleções da primeira fase. Um time consistente, com muita inteligência tática e que mostrou muita competitividade quando se viu pressionada pela seleção dos EUA no segundo tempo do ótimo empate por 1 x 1 válido pela segunda rodada. A forma como conseguia variar do 3-5-2 para uma linha defensiva com cinco jogadoras foi crucial para segurar o placar que ajudou a conquistar o primeiro lugar do grupo.
Do outro lado estará uma equipe que, se em alguns momentos demonstrou inexperiência para algumas situações de jogo, por outro lado conseguiu compensar isso com muita dedicação e qualidade técnica, principalmente da talentosa camisa dez Linda Mothalo, que pelo lado esquerdo do campo é a responsável por criar a maioria das ações ofensivas das Banyana Banyanas.
Claro que, em teoria, a Holanda é a favorita. Mas quando do outro lado está uma equipe que mesmo com todos os problemas estruturais tornou-se a campeã africana e chegou às oitavas de final, todo cuidado é pouco.
SUÉCIA X ESTADOS UNIDOS – 06.08 | 6H (horário de Brasília)
Um confronto repleto de história. Duas seleções com uma importância gigantesca para o desenvolvimento da modalidade farão o maior confronto das oitavas de final. A Suécia fez uma primeira fase muito boa e viu as suas principais estrelas, como Stina Blackstenius e Fridolina Rolfo, jogarem em alto nível, o que as coloca automaticamente como uma das grandes forças da competição.
Do outro lado, uma seleção dos Estados Unidos que vem de uma primeira fase surpreendentemente irregular, apresentando um futebol pouco criativo e de intensidade bem abaixo do que se imaginava. De positivo, apenas a atuação nos 45 minutos finais contra a Holanda, quando controlou o jogo e quase virou a partida nos minutos finais. No restante do tempo foi um time previsível, que dependeu muito dos talentos individuais que jogam pelos lados do campo, principalmente Sophia Smith, para apresentar lampejos do alto nível de futebol que imaginávamos ver da equipe de Vlatko Andolovski.
Como sabemos, a fase eliminatória é praticamente um novo torneio e em competições anteriores, a atual campeã virou a chavinha, entrou no “Modo Competição” e tornou-se praticamente imbatível. Porém, desta vez podemos dizer que é outro lado que tem uma equipe repleta de jogadoras acostumadas a jogos grandes e que encararão o confronto de frente e sem medo.
INGLATERRA X NIGÉRIA – 07.08 | 4H30 (horário de Brasília)
A Inglaterra, entre o início e o fim da primeira fase, ultrapassou a seleção dos EUA nas casas de apostas e tornou-se a favorita a vencer o torneio. Mesmo com um início complicado contra o Haiti e o azar de perder Keira Walsh, uma das mais criativas e importantes jogadoras da equipe, por contusão, as “Lionesses” passaram em primeiro do grupo com facilidade e apresentando um time repleto de opções e variações, todas elas orquestradas pela Excelente Sarina Wiegman.
Todo este repertório terá pela frente uma das sensações da primeira fase e que foi responsável por um dos principais jogos da competição até agora. A vitória sobre a Austrália diante de um público de quase 50 mil pessoas foi a prova de que a seleção nigeriana é capaz de encarar e dificultar a vida de qualquer adversária. Mesmo com problemas na preparação para a competição, culpa da federação do país, que não entregou premiações e não deu suporte o suficiente no período pré-Copa, trata-se de uma equipe com diversas jogadoras nas maiores ligas do mundo que estão dispostas a deixar de lado estes problemas para representarem o país da melhor forma possível.
A atual campeã europeia é a favorita, mas é um daqueles jogos que merecem atenção pelos desafios que a Nigéria de Asisat Oshoala pode proporcionar para uma das fortes candidatas ao título.
AUSTRÁLIA X DINAMARCA – 07.08 | 7:30 (horário de Brasília)
Se tem uma seleção que chega nas oitavas de final bem maior do que estava após o início da competição, esta é a seleção australiana. As Matilda’s fizeram um primeiro jogo contra a Irlanda bem abaixo do esperado e na rodada seguinte foram surpreendidas pela Nigéria, colocando a sua vaga para a segunda fase em risco. Porém, a ótima atuação contra o Canadá pela última rodada em um estádio cheio que, ao ver a sua seleção golear, criou uma atmosfera incrível que com certeza empurrará o time nos confrontos seguintes.
Para a Dinamarca, o desafio será controlar essa atmosfera e jogar a responsabilidade de partir para cima para as donas da casa e, nos contra-ataques, se aproveitar de um ataque bastante eficiente, liderado por Pernille Harder. O mundo ideal seria ficar mais com a bola e tentar acalmar esfriar a adversária, mas o time mostrou certa dificuldade de controlar os suas partidas, pois inesperadamente, o meio-campo não vem funcionando como esperado, fazendo com que dificilmente a equipe tenha o controle do jogo.
As donas da casa, sem a certeza de que Sam Kerr poderá jogar, contará com o coletivo, que funcionou tão bem na partida contra o Canadá, para seguir em frente na competição. Com a confiança elevada e um melhor time, as Matilda's, mesmo encarando uma forte adversária, tem tudo para seguirem na competição.
COLÔMBIA X JAMAICA – 08.08 | 5H (horário de Brasília)
É, eu sei. Poderia ser o Brasil. Dito isso, o que a Jamaica fez diante das circunstâncias que envolveram total descaso da federação local e até uma vaquinha para que a delegação viajasse para disputar o mundial é algo histórico que deve ser exaltado, mas jamais romatizado. Passado tudo isso e analisando a proposta de jogo, as "Reggae Girlz" apresentaram uma impressionante coordenação defensiva e uma clareza de ideia de como quer jogar que pegou Brasil e França de surpresa e claro, poderá incomodar a sua adversária nas oitavas.
Adversária que, na primeira fase foi a sensação do torneio, principalmente nos primeiros dois jogos. A seleção colombiana mostrou uma postura corajosa em todas as partidas, encarando de frente as adversárias, independentemente do seu potencial. Quem acompanha de perto sabe que se trata de uma seleção talentosa – principalmente quando se fala de Linda Caicedo, mas o segredo do sucesso foi aliar a qualidade técnica com muita disposição, fazendo do time uma equipe competitiva e que busca a vitória em todos os jogos.
Para nós, será interessante ver uma seleção com postura muito mais aguda e determinada tentando furar o ótimo bloqueio defensivo da seleção jamaicana, algo que, infelizmente, não vimos por parte da nossa.
FRANÇA X MARROCOS – 08.08 | 8H (horário de Brasília)
Um confronto inesperado. A França que, pelos meses que antecederam a Copa e a sua estreia, dava a impressão de que correria o risco de não se classificar, virou a chave e fez duas boas partidas em sequência, uma delas contra o Brasil, e ficou com a primeira colocação do grupo. A qualidade e a experiência de jogadoras como Wendie Renard, Grace Geroyo, Kadidiatou Diani e Eugenie Le Sommer foram essenciais para isso e provavelmente serão os pilares para que a equipe seja uma das forças das próximas fases.
O obstáculo para continuarem na competição é a seleção marroquina, que iniciou a competição dando a impressão de que seria o saco de pancadas de um forte grupo com Alemanha, Colômbia e Coreia do Sul, mas acabou se recuperando e com duas vitórias a estreante seleção africana viu personagens como a capitã Ghizlane Chebbak – capitã e essencial para o time nas dias vitórias, e a meia/ponta Fatima Tagnout – responsável pelas principais ações ofensivas da equipe, brilharem e levarem as Leoas de Atlas para a próxima fase.
A expectativa é de um jogo onde a França dará as cartas, mas não se imagina uma seleção marroquina recuada e apenas se defendendo, pois, foi jogando assim ela foi goleada pela Alemanha e obteve sucesso quando subiu um pouco as linhas e decidiu jogar e disputar mais a bola no meio campo. Será mais um dos confrontos onde antes da bola rolar há uma clara favorita, mas depois do apito inicial, tudo pode acontecer.
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