Brasil comete os mesmos erros do passado e perde para a França por 2 x 1
Fim de jogo. O Brasil sai perdendo, reage no segundo tempo, mas cede o segundo gol e perde para a França.
A frase acima poderia ser um resumo da nossa eliminação em 2019, mas se trata da recente derrota em Brisbane pela primeira fase na Copa do Mundo de 2023.
Nos primeiros minutos, a lembrança foi de outro jogo importante. A sensação era de que estávamos revivendo o péssimo início da Finalíssima, contra a Inglaterra e Wembley. A França colocou a faca entre os dentes e decidiu entrar em todos os embates físicos para vencê-los. Subiu a marcação, dificultou a saída de bola e fez com que o Brasil ficasse acuado, assustado e, sob pressão, os erros começaram a surgir.
Outro fator determinante foi o descuido de quando a França rodava a bola e buscava espaço pelas pontas, principalmente pela esquerda, com os avanços de Karchaoui. Selma Bacha, que jogava mais avançado, afundava e levava com ela a lateral Antônia. Karchaoui, sem a pressão de Ary Borges, teve muito espaço para jogar e fazer os cruzamentos, prova disso foi o primeiro gol, em que ela sequer precisou ir até a linha de fundo para encontrar Diani, mais bem posicionada que Tamires, tocar para o meio e assistir Le Sommer para abrir o placar. A impressão naquele momento era de que o gol francês era questão de tempo e, ao apito para encerrar a primeira etapa, a sensação era de que tínhamos saído no lucro com o 1 x 0.
Esperava-se mudanças logo no intervalo, mas Pia decidiu esperar um pouco e ver se a equipe, após as suas instruções, se acalmasse no jogo e ficasse mais com a bola. Na marcação alguns erros continuaram, mas a seleção conseguiu trocar mais passes e voltar para o jogo. Foi assim, com uma jogada pela esquerda, que conseguiu empatar e novamente, jogar toda a responsabilidade para o lado francês.
Após o gol, a treinadora Pia Sundhage colocou Andressa Alves no lugar de Geyse para aumentar a intensidade da marcação e tirar o controle do jogo francês, diminuindo os espaços no meio campo, principalmente o de Geroyo, que circulou com muito espaço durante os 45 minutos iniciais. A ideia até certo ponto deu certo. O Brasil melhorou na marcação e diminuiu o espaço da seleção francesa. A resposta de Hervé Renard foi colocar a rápida e perigosíssima atacante Vicki Becho, que mudou a forma de jogar da seleção francesa, deixando o ataque mais rápido e com mais mobilidade.
Com o passar do tempo, os times foram cansando, os espaços foram aparecendo e virou um “jogo de trocação”, arriscado para os dois lados. O meio do segundo tempo foi frenético, mas muito mais pelos espaços deixados graças ao desgaste das atletas do que pela qualidade do jogo. Um destes espaços foi aproveitado por Wendie Renard, uma das melhores cabeceadoras do mundo, que surgiu com muita liberdade por trás da zaga para fazer o segundo gol francês.
Logo depois, Pia Sundhage fez mais três substituições, que, de acordo com a repórter Gabriela Moreira do SPORTV, a ideia era fazê-las antes do lance do gol, mas o jogo não parou para que isso acontecesse. Mônica, Ana Vitória e Marta entraram, mas a verdade é que nada mudou e a nossa seleção pouco produziu após as trocas.
Com a derrota, surgem questionamentos sobre a forma como a seleção entrou em um ritmo muito abaixo comparado com o da seleção francesa e como demorou para reagir as situações do jogo e colocar jogadoras descansadas em campo quando a partida pedia atletas com gás para suportar a sua intensidade. Pia Sudhage também precisa explicar as suas escolhas. Geyse não era o nome ideal para um jogo que precisava de tantos embates físicos. A demora para fazer as trocas e reagir ao desgaste do segundo tempo também nos custou caro. Mas a principal questão que fica é a escolha por Mônica ao invés de Bruninha para jogar na lateral do campo, quando o ideal era ter uma jogadora mais precisa e com maior força ofensiva para aproveitar o cansaço do lado esquerdo da defesa adversária.
A França sempre foi favorita deste confronto, mas fica a frustração de que tivemos diversas oportunidades para fazer com que o resultado fosse diferente. Porém, a nossa postura e as nossas escolhas impediram isso.
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