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CRISE NO PQ. SÃO JORGE?

A frase, tão comum de se ouvir no masculino, assombra as Brabas pela primeira vez


Foto: Rodrigo Gazzanel | Ag. Corinthians

Fim de jogo em Belo Horizonte. Cruzeiro goleia Corinthians por 7 a 2 em um sábado que entrou para a história das Brabas, como o dia da maior goleada sofrida desde o retorno das atividades da equipe feminina de futebol em 2016.

 

O resultado foi o estopim para uma revolta da torcida nas redes sociais. É bem verdade que, nos últimos meses, já haviam sinais de insatisfação com a performance da equipe durante a temporada. As atuações abaixo da expectativa sob o comando de Lucas Piccinato e uma certa ausência da nova Diretora de Futebol Feminino do clube, Iris Sesso, já é assunto há algum tempo, mas nada comparado com o que se viu após a goleada sofrida em Nova Lima.

 

Todos sabiam que o ano seria de reformulação. As mudanças na presidência do clube, na gerência da modalidade e no comando técnico não passariam batido em clube algum, nem se tratando do melhor projeto do país. Porém, o que preocupa grande parte da torcida é que aos poucos elas sentem a possibilidade da hegemonia dos últimos anos escorrer pelas mãos, com o time não sendo dominante com o era, perdendo jogos que não costumava perder - como o jogo contra o Palmeiras no Parque São Jorge - e agora, mesmo com o time reserva, sofrendo uma goleada que, nem a mais pessimista torcedora do Corinthians pudesse imaginar.

 

A cobrança aponta mais dedos para o treinador Lucas Piccinato, que chegou como um bom nome para substituir Arthur Elias e, logo no início do trabalho, foi campeão da Supercopa, vencendo a equipe do Cruzeiro, que sete meses depois trouxe a ele a maior dor de cabeça da temporada. A torcida questiona o treinador pela falta de um padrão de jogo. Para elas, o time, mesmo líder do Campeonato Brasileiro e bem no Campeonato Paulista, vem se apoiando apenas nos talentos individuais que tem no elenco e que nem de longe apresenta algo parecido com o jogo coletivo que deu tão certo nos últimos anos.

 

O desafio de substituir o melhor treinador do Brasil já seria uma tarefa árdua em qualquer situação, mas para dificultar ainda mais, Piccinato sofreu demais com a ausência dos principais nomes do time em função das convocações para a seleção brasileira. Dos 236 dias de atividade no ano, Piccinato ficou sem as convocadas em 82 deles, o que representa quase um terço do seu tempo de trabalho no clube sem nomes como Yasmin, Tamires, Yaya, Duda Sampaio, Gabi Portilho e Jheniffer.

 

Para dificultar ainda mais, o Corinthians perdeu a goleira Letícia por contusão e vendeu a zagueira Tarciane para o Houston Dash durante a temporada. Não houve reposição, principalmente para o lugar da excelente zagueira, e neste caso, as cobranças se direcionam para Iris Sesso, que assumiu a responsabilidade de substituir Cris Gambaré e que já tem sido constantemente cobrada pela postura omissa no dia a dia e pela falta de reforços. Assim, como o treinador, a nova Diretora também sofreu com a mobilização nas redes sociais, com muitas torcedoras comentando em suas postagens nos últimos dias.

 

Lucas e Iris, que além dos desafios da modalidade, lutam também contra o dia a dia conturbado do clube, e terão pela frente meses importantíssimos para manter o Corinthians na hegemonia das equipes femininas do país e do continente. As fases decisivas do Brasileirão e do Campeonato Paulista estão chegando e além disso, elas disputam a Libertadores em outubro – três torneios que, vale ressaltar, as Brabas são as atuais campeãs.

 

A equipe do Corinthians, mesmo com uma crise surgindo em seu horizonte, ainda é a favorita aos títulos das três competições. Quem acompanha a moidalidade está bem acostumada a vê-las mudarem de postura e aumentarem o nível de competitividade nos jogos, tornando-se praticamente imbatível. A dúvida é se, em um ano tão conturbado e com uma nova liderança, este elenco está motivado, preparado e disposto a se mobilizar durante o próximos meses para repetirem o que foi feito no ano passado. Com uma torcida tão acostumada a vencer, qualquer coisa que não seja repetir o que foi feito ano passado, será motivo de cobranças cada vez mais forte em cima das lideranças do projeto. Ainda mais se não sentirem firmeza na perspectiva de um futuro melhor.  

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